Principais cuidados na elaboração do contrato de representação comercial

O contrato de representação comercial é um instrumento jurídico essencial para empresas que desejam expandir seus canais de vendas de forma segura e estratégica. Essa modalidade pode ser uma excelente alternativa ao vínculo empregatício com vendedores ou à contratação de distribuidores. No entanto, sua adoção exige atenção especial para evitar riscos futuros nos setores financeiro, trabalhista e até reputacional.

 

Neste artigo, destacamos os principais pontos que devem ser observados na elaboração de um contrato de representação comercial sólido e em conformidade com a lei.

 

O que é o contrato de representação comercial?

O contrato de representação comercial tem por finalidade regulamentar a relação entre a empresa representada e o representante comercial autônomo (ou empresa de representação), que atua na intermediação da venda de produtos mediante comissão.

 

Essa relação é regulada pela Lei nº 4.886/1965, conhecida como Lei do Representante Comercial, alterada pela Lei nº 8.420/1992. Por isso, é fundamental que o contrato esteja alinhado às disposições legais, a fim de proteger ambas as partes.

 

Cuidados essenciais ao elaborar o contrato

  1. Verificação do registro no CORE

Antes da contratação, é indispensável confirmar se o representante comercial possui registro ativo no CORE (Conselho Regional dos Representantes Comerciais). Sem essa regularidade, a atividade não terá validade legal.

  1. Definição da forma de remuneração

O pagamento deve ocorrer por meio de comissões sobre vendas, que precisam estar detalhadas no contrato: percentual, base de cálculo, prazos e forma de pagamento.

  1. Delimitação da área de atuação

O contrato deve especificar o território, os clientes e os produtos objeto da representação, evitando conflitos entre representantes ou com a própria representada.

  1. Exclusividade

É necessário definir se haverá exclusividade de atuação. Esse ponto é estratégico, pois sua ausência pode gerar disputas sobre o pagamento de comissões quando a venda ocorre em áreas ou para clientes já vinculados a outro representante.

  1. Direitos e obrigações das partes

A relação deve respeitar os parâmetros da Lei do Representante Comercial. Cláusulas que gerem dependência econômica ou subordinação podem descaracterizar a autonomia e criar indícios de vínculo trabalhista, trazendo grandes riscos para a empresa representada.

  1. Prazo contratual

O contrato pode ser por prazo determinado ou indeterminado, o que impacta diretamente nos valores devidos a título de indenização em caso de rescisão.

  1. Rescisão e indenização

É fundamental prever regras claras sobre aviso prévio, rescisão e indenização. A lei estabelece que, na rescisão imotivada por parte da empresa representada, o representante tem direito a 1/12 do total das comissões recebidas durante a vigência do contrato.

  1. Cláusulas de confidencialidade e não concorrência

Para proteger informações estratégicas, recomenda-se incluir cláusula de confidencialidade. Já a não concorrência pode restringir a atuação do representante em produtos similares ou concorrentes, reforçando a segurança jurídica do negócio.

 

Gestão da relação contratual

Mais do que elaborar um contrato bem estruturado, o sucesso da representação comercial depende da forma como a relação será conduzida no dia a dia. É essencial que a empresa representada trate o representante comercial como um parceiro autônomo, respeitando sua independência, e não como um empregado subordinado, o que poderia caracterizar vínculo trabalhista.

 

A elaboração cuidadosa do contrato de representação comercial é determinante para o sucesso da parceria e para a prevenção de litígios. Empresas que investem em contratos claros, transparentes e alinhados à legislação conseguem não apenas expandir seus negócios, mas também reduzir riscos de disputas judiciais.

Para garantir segurança jurídica, é altamente recomendável contar com a assessoria de um escritório especializado em direito societário e contratual.